O segredo é a integração?

Voltei a andar de bike há aproximadamente 4 anos. Há 3 anos, conheci o mundo das “tribos ciclísticas”. E o meu primeiro passeio era pra ser o último! Depois de pegar o trem de madrugada, desci em Rio Grande da Serra e, na ida para Paranapiacaba, o pedivela afrouxou até soltar!!! Tudo bem, confesso que minha primeira bicicleta era muito ruim, comprada em supermercado e sem as mínimas condições de pegar estrada. Mas, o que era pra se tornar um desastre e fazer com que eu nunca mais quisesse participar de um pedal, acabou sendo o início de algumas amizades, além de me mostrar o quanto os bikers são solidários. Consegui chegar a Paranapiacaba e voltar, além de curtir muito o passeio.

A partir daí, graças às redes sociais, conheci muitos grupos de ciclistas, das mais variadas tribos. Tem “pedal” (o nome que damos às saídas ciclísticas) para os festeiros, os speedeiros, os radicais, os saudáveis, os cervejeiros, os roqueiros, os comilões, etc. E a qualquer dia ou hora que eu resolvesse sair, conseguia encontrar um grupo. E mais amizades foram se formando.

Ciclovia polêmcia embaixo do Elevado Costa e Silva (SP)

Ciclovia polêmica embaixo do Elevado Costa e Silva (SP)

Percebo que, nesses 4 anos, algumas coisas mudaram. Algumas ruins: cada vez mais, as bikes se tornam alvo de criminosos; acidentes fatais continuam a acontecer; alguns pedestres e motoristas declararam uma verdadeira guerra contra ciclistas; e ciclistas imprudentes ajudam a criar uma imagem de que a bicicleta, em si, é perigosa. Outras, boas: embora discutível em qualidade e nos trajetos, São Paulo ganhou muitas ciclovias e ciclofaixas de lazer; alguns pedestres e motoristas estão aprendendo a respeitar os ciclistas; muita gente tem trabalhado a autoestima e vivendo de forma mais saudável, graças à prática do ciclismo.

Pensei em tudo isso ao ler que estava previsto para hoje o início da implantação de suportes para bikes em cerca de mil táxis na capital paulista. O benefício será através do aplicativo da 99Táxis que, segundo a empresa, já é utilizado por 28 mil dos 35 mil taxistas que circulam por aqui. Não posso deixar de pensar que essa mudança na frota vem a partir da briga com o Uber, pois esta foi pioneira ao fazer um teste para UberBike, no último dia 18 de setembro, já implantou o aplicativo, como noticiou o IDGNow! na última quarta-feira (leia).

Ao ler essa notícia, chego à conclusão de que ainda temos muito ainda a fazer. Além de uma convivência pacífica entre ciclistas, pedestres e motoristas, é necessária uma readequação e expansão das ciclovias, associada a um aprendizado e conscientização, tanto de ciclistas, sobre velocidade e respeito quando circularem nestas vias, quanto de pedestres e motoristas.

Mas, também, passei a pensar na questão da integração entre os diversos meios de transporte. Bike, ônibus, metrô, carro, táxi, boas calçadas para circular a pé, bicicletários seguros e em diversos pontos da cidade, instalação de vestiários em empresas. Em 2010, uma ideia da prefeitura paulista interessante para transporte de bicicletas em ônibus não vingou, devido a uma norma do Contran, mas outra está em estudo, como aponta a reportagem da Vá de Bike (leia). Bom, apesar dessa linha circular ao lado de casa, eu nunca vi!!!

Faz tempo que queria começar a escrever sobre este assunto. Mas, vou parar por aqui, hoje. Aliás, só pra fechar este artigo, mesmo não sendo muito fã de comparações, quando imagino a questão da integração nos transportes lembro de algumas matérias que li sobre como tudo isso funciona no exterior, como no caso de Londres, onde dizem que as autoridades não só fazem as leis, mas também dão exemplo (leia).

Sobre Fábio

Indefinido. Abstrato. Prolixo. Jornalista. Músico. Ciclista.
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